O SINESP Paradiso Cinema na Pandemia tem o orgulho de apresentar uma seleção de sete filmes com ótica feminina para descontrair enquanto vivemos esse momento difícil. São filmes disponíveis no YouTube e que trazem um novo olhar num mercado audiovisual ainda, infelizmente, predominantemente masculino. 

Um estudo divulgado em 2017 pela Ancine (Agência Nacional do Cinema), revela que, no Brasil, as mulheres ainda ocupam apenas 40% dos cargos no setor e que, em 2015, receberam em média 13% menos que os homens. Ainda segundo o estudo, em 2016, 20,3% dos filmes lançados no país foram dirigidos por mulheres, porém metade dessas produções são documentários, o que sugere que a participação feminina é maior em filmes de baixo orçamento. Ainda, dos dez filmes brasileiros mais vistos nesse mesmo ano, apenas dois contavam com mulheres à frente.

Com a popularização de temáticas como representatividade e empoderamento, surgem também questionamentos a respeito da participação e da representação feminina no cinema. A recente perda da cineasta Suzana Amaral ampliou o debate. Ao longo da história, a indústria cinematográfica nasceu e se desenvolveu voltada a narrativas masculinas, em que a mulher era vista como um bibelô e era hiperssexualizada. 

Por trás das câmeras, mulheres por muito tempo foram consideradas incapazes de executar algumas funções no set de filmagem, principalmente as técnicas. Só após 82 edições do Oscar que uma cineasta, Kathryn Bigelow em 2010, levou a estatueta na categoria de melhor diretor. A desvalorização de profissionais do sexo feminino no cinema é um reflexo problemático de uma sociedade que aos poucos vai se reconstruindo de forma mais aberta e igualitária.

Confira seleção especial do SINESP sobre a ótica feminina no cinema!

Clique nas imagens para assistir

1. "Falling Leaves" de Alice Guy Blaché (França, 1912)

Alice Guy-Blaché é considerada a mãe do cinema, mas quase ninguém ouviu falar dela. A francesa foi a primeira diretora e roteirista da história e trabalhou em mais de vinte filmes que ela mesma idealizou. Contemporânea de Georges Méliès, criou o conceito de cinema narrativo paralelamente a ele e inovou ao explorar áudio, efeitos especiais e técnicas de luz. Teve tanto sucesso que inspirou Alfred Hitchcock.

2. "A Hora da Estrela", de Suzana Amaral (Brasil, 1985)

Adaptação do romance homônimo de Clarice Lispector em que a protagonista Macabéa (Marcélia Cartaxo), nordestina, órfã de pai, mãe e da tia que a criou, vai para São Paulo em busca de uma vida melhor, mas acaba em uma pensão barata e descobre estar com tuberculose. Ao ser abandonada pelo namorado, consulta uma cartomante, vivida pela magnânima Fernanda Montenegro, que lhe fala de uma grande sorte, uma estrela! Será que as coisas finalmente vão melhorar para Macabéa?

3. "Amélia", de Ana Carolina (Brasil, 2000)

Ficção inspirada na última visita de Sarah Bernhardt ao Brasil, em 1905. A famosa atriz francesa veio ao país quatro vezes, as duas primeiras ainda durante o reinado de D. Pedro II. No filme, em crise, a atriz é influenciada por uma camareira brasileira, Amélia, interpretada por Marilia Pera, a apresentar a ópera “Tosca", de Puccini, no Rio de Janeiro. Na apresentação, acontece um desastre. A atriz realmente sofreu um acidente na ocasião, que afetou sua perna e acabou culminando, anos depois, em sua morte. Curiosidade: Sarah Bernhardt foi representada também em outro filme brasileiro: O Xangô de Baker Street, adaptação do livro homônimo de Jô Soares.

4. Cores e Botas, de Juliana Vicente (Brasil, 2010)

O filme aborda a questão da pressão estética ao retratar as agruras da protagonista para realizar seu sonho, numa época em que a Xuxa era a principal referência de beleza e de sucesso. "A Juliana é uma das mulheres brasileiras mais importantes de se acompanhar o trabalho, com uma trajetória extremamente engajada e tocante", ressalta Petra Costa, documentarista brasileira indicada ao Oscar deste ano com Democracia em Vertigem (disponível na Netflix).

 

5. KBELA, de Yasmin Thayná (Brasil, 2015)

A cineasta reuniu um grupo de mulheres negras para falar da estigmatização dos cabelos negros e a imposição do alisamento como forma indireta de embranquecimento. Por meio de financiamento coletivo, Yasmin Thayná misturou vozes e imagens neste curta-metragem de pouco mais de vinte minutos. "Kbela é o melhor cinema como revelação de alguma coisa que precisamos ver. Algo que foi invisibilizado e que agora está exposto", aponta a professora Márcia Tiburi. É possível fazer download também no site do projeto, clicando aqui.

6. As praias de Agnès, de Agnès Varda (França, 2008)

"Se você abrir uma pessoa, irá achar paisagens. Se me abrir, encontrará praias”, disse a diretora francesa ao apresentar esse documentário autobiográfico, feito por ela aos 80 anos de idade. Pouco conhecida do grande público, Agnès foi pioneira da nouvelle vague muito antes de diretores contemporâneos, como François Truffaut e Jean-Luc Godard, levarem os créditos.  Vida e obra se misturam em entrevistas, fotografias, reportagens e trechos de filmes, numa colcha de retalhos que lembra um álbum de família. Há um forte viés feminista, dado o engajamento da diretora.

7. O Piano, de Jane Campion (França/Austrália/Nova Zelândia, 1993)

O drama escrito e dirigido pela neozelandesa Jane Campion deu o Oscar de 1994 à cineasta, mas na categoria melhor roteiro original. Com apenas 11 anos, Anna Paquin, atriz coadjuvante, se tornou a segunda pessoa mais jovem a vencer um Oscar. Sua colega de filme, Holly Hunter, levou a estatueta pelo papel principal. Pesou o fato de ter tocado de verdade nas cenas. O longa retrata a vida de Ada McGrath, uma mulher que se muda para a Nova Zelândia, então recém-colonizada. Seu futuro marido se recusa a transportar seu piano, o que dá espaço para que outro homem compre o instrumento e passe a tomar aulas com ela. 

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