Publicado em12/11/2016 por 

Com a política da reforma empresarial enfatizando cada vez mais a memorização e os testes, as crianças estão cada vez mais tensas, preocupadas e doentes. Em alguns casos, recorrem a medicalização – seja por sugestão da escola, seja por iniciativa dos pais. As escolas também reagem a esta necessidade aumentando as tarefas de casa. A casa acaba virando uma continuidade da escola, tomando o tempo livre das crianças. Com a política de antecipação da escolarização, então, esse mal vai atingir rapidamente e cada vez mais as crianças da pré-escola.

A “Confederación Española de Asociaciones de Padres y Madres del Alumnado” dirige um movimento muito interessante que foi divulgado pela BBC e visa lutar pelo direito das crianças terem mais tempo livre em casa (veja aqui). Eles exigem que o mês de novembro seja sem deveres de casa e por isso conclamam a uma “greve dos deveres de casa” neste mês, para que as crianças possam ter mais tempo livre.

“Queremos mais tempo para a família”, disse à BBC José Luis Pazos, presidente da Confederação Espanhola de Associações de Pais e Mães de Alunos (Ceapa, na sigla em espanhol), que está por trás da campanha “Na minha escola falta uma tarefa: meu tempo livre”.

“Nosso sistema educativo está cada vez mais orientado a fazer com que o período escolar invada o tempo com a família e nossos filhos e filhas estão ficando praticamente sem infância nem adolescência. Todo seu tempo está voltado ao que acontece na escola e ao que a escola ordena que tragam para casa”, afirma Pazos.

O quadro abaixo, resume a luta destes pais.

movimentopaisespanha

Baixe aqui as razões dos pais espanhóis para serem contra a lição de casa.

Em reportagem à BBC, a Associação Nacional de Professores Públicos ressalta a importância das tarefas escolares.

“No entanto, para a Ceapa, as vantagens são questionáveis. “O argumento de que os deveres de casa trazem benefícios não correspondem à realidade porque os relatórios internacionais dizem justamente o contrário: que não oferecem nada positivo e que, em muitos casos, trazem prejuízos, diminuem a igualdade de oportunidades e desmotivam o aluno”, diz Pazos.

Alfie Kohn escreveu em 2006 um pequeno livro chamado “O mito da lição de casa”, que corrobora estas afirmações sobre o papel da lição de casa no desempenho do aluno.

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