Os protestos nos Estados Unidos explodiram após o assassinato do negro George Floyd por um policial branco, ganharam solidariedade na Europa e chegaram ao Brasil enquanto o governo brasileiro dirige com racismo a fundação que deveria combatê-lo!

A Fundação Zumbi dos Palmares é responsável por zelar pelos interesses da comunidade afrodescendente. O governo brasileiro brigou na justiça para colocar em sua direção o jornalista negro Sérgio Camargo. Ele acredita e já declarou que a escravidão foi "benéfica para os descendentes" dos escravos. Em áudio vazado recentemente, disse a assessores sobre o sumiço de um celular seu: "Quem poderia ter feito isso? Os vagabundos do movimento negro, essa escória maldita".

Camargo expõe a olho nu o racismo estrutural existente no Brasil, que acostumou-se a relativizar como brando. E escancara o projeto retrógado do atual governo, que tem no racismo declarado um de seus substratos.

 

As manifestações nos EUA

Racismo 4

Nos Estados Unidos o racismo é declarado. A grande maioria é branca e tudo é separado. O sistema educacional é onde há mais integração devido a políticas afirmativas aprovadas ao longo dos anos.

A população negra é minoria, mas maioria entre os pobres. A violência herdada da escravidão persiste, é explícita e vitima a porção mais pauperizada e carente do povo daquele país tido como a principal democracia do planeta.

O assassinato do homem negro George Floyd por um policial branco, assistido passivamente por outros três policiais, chocou o mundo inteiro e acendeu um estopim.

A cena de quase dez minutos provocou choque e horror pela desumanidade. O policial comprime com o joelho o pescoço de Floyd que algemado, desarmado e imobilizado sobre a calçada, implora por sua vida dizendo "por favor, não consigo respirar". Mas o policial segue impassível com a naturalidade de quem mata uma mosca. O vídeo se espalhou e os Estados Unidos entraram em convulsão, agora reverberada em cidades europeias e brasileiras.

O assassinato deixou escancarada a desigualdade social que coloca a população negra nos estratos mais vulneráveis, submetidos às piores condições sociais e a toda ordem de violência estatal e policial. Situação que brota do racismo persistente em todo mundo e opera na certeza da impunidade e da tolerância com atos como os que ceifaram as vidas de Floyd e também do garoto João Pedro, no Rio de Janeiro.

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MariaAp 2“O assassinato de George Floyd trouxe indignação para a sociedade mundial. Como acontece quando um fato deste ocorre, muitas personalidades se manifestaram e vários setores se revoltaram. Mas e depois? Depois cai no esquecimento até acontecer outro fato de repercussão nacional ou mundial. Enquanto isso negros pobres continuam morrendo nos becos, nas favelas, nos hospitais. Se não houver uma conscientização desde a infância sobre o respeito e a igualdade entre os seres humanos, nada vai mudar. Precisa haver uma mudança real nas atitudes cotidianas. Estar atento às brincadeiras ofensivas, as piadas de mal gosto. Àquilo que passa "despercebido " no dia a dia. Àquilo que virou senso comum: é só uma brincadeira.... Mudar valores e atitudes é o caminho para mim.”

Maria Aparecida Gonçalves de Araujo, Diretora do CEI Dir. Nazir Miguel, DRE Penha.

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Genocídio brasileiro

No Brasil a combinação de racismo e brutalidade policial é ainda mais letal que na América do Norte. João Pedro, Ágatha Félix, Evaldo dos Santos, Marielle Franco, o pedreiro Amarildo e milhares de jovens assassinados diariamente, incógnita e impunemente nas periferias pobres do país são prova cabal do racismo estrutural exposto às avessas pelo presidente da Fundação Zumbi dos Palmares.

A população negra no Brasil é maior que nos Estados Unidos. Segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2018, dos 207,8 milhões de moradores do país, 46,5% se declaram pardos, 9,3% pretos e 43,1%, brancos.

Nos Estados Unidos há uma grande diferença fundamental. O último censo oficial divulgado indica que 72,4% da população é branca. Desse percentual, 88% tem ancestralidade Europeia completa. Ou seja, lá a miscigenação é pequena e 12,3% da população é declarada negra.

Não obstante os negros serem maioria entre os pobres nos EUA, a desigualdade econômica e social e a dimensão da miséria no Brasil invocam diferenças enormes no nível de violência enfrentado por essa população, inclusive policial.

Aqui o racismo tem ditado a dinâmica das relações sociais desde a abolição da escravidão, há 123 anos. Não bastassem as mazelas sociais que afligem historicamente a população negra por meio do subemprego, do desemprego, da falta de moradia, dos serviços precários de saúde e educação, da falta de oportunidades e da discriminação racial nos ambientes sociais, é verificável a vigência de um projeto de extermínio da população negra, por parte do estado brasileiro, nas periferias das cidades brasileiras.

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MarcileneO racismo é uma realidade no Brasil. Na rede pública, percebemos em diversas situações. Quando a família faz a matrícula, pergunta-se qual sua raça e muitas vezes presenciei famílias negras se declarando brancas ou pardas. Crianças no berçário são acalentadas e mimadas pelas professoras, vejo acontecer muito com crianças brancas e as negras deixadas de lado, família brancas são melhor tratadas e tem mais atenção de professores. Já vi crianças pequenas serem preferidas por outras crianças.

Marcilene Pereira Souza, Coordenadora Pedagógica na EMEI Silvia Popovic, DRE JT

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“O racismo está presente na escola desde a educação infantil. Através de brincadeiras aparentemente sem importância o racismo se faz presente, como chamar o amiguinho por apelidos pejorativos devido sua cor, raça, condição social, etc. Muitas vezes as crianças não querem brincar com determinadas crianças também por vê-las diferentes dos ditos normais.  Cabe ao professor trazer esses assuntos para uma roda de conversa a fim de combater o racismo já no seu início.”

Maria Aparecida Gonçalves de Araujo, Diretora do CEI Dir. Nazir Miguel, DRE Penha.

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Vítimados pelo coronavirus

A inexistência de um sistema público de saúde é a base da maior letalidade do vírus na população negra no Brasil. Foi o que mostrou uma pesquisa publicada no Jornal O Estado de S. Paulo, considerando as condições sociais e econômicas da população. 

O estudo, batizado de "A Cor do Coronavírus", escancara a desigualdade racial no país norte-americano, onde a saúde privada é caríssima e quase inacessível para o povo pobre, preto na maioria.

Isso sugere que o assassinato brutal de George Floyd por um policial branco, filmado e divulgado, desencadeou uma revolta generalizada porque aflorou uma conjunção de descontentamentos, algo parecido com os protestos que estouraram no Chile em 2019 após um reajuste de quarenta centavos no transporte público.

A nova realidade engendrada pela pandemia deu sua contribuição ao expor as desigualdades à flor da pele e tirar os horizontes da população que sobrevivia de um emprego que talvez não exista mais, com salários diminuídos e cortados, vitimada pela ausência de assistência social e ainda mais ameaçada pela violência estatal.

 

Alertas

A ONU alerta para o impacto desproporcional que a covid-19 está tendo entre as populações negras e cita o caso do Brasil como exemplo de tal fenômeno.

Pretos e pardos morrem quatro vezes mais acometidos pelo novo coronavírus do que brancos, segundo estudo da PUC-RJ divulgado em maio. Em São Paulo, eles têm 62% mais chance de morrer da Covid-19 que brancos. É o racismo com todas as suas dimensões sobrepostas. A falta de acesso à saúde e ao emprego aumentam a desigualdade racial. A violência policial aprofunda a injustiça racial.

Racismo Grafico

Em comunicado, a organização destaca o "aumento das disparidades" na forma como a Covid-19 está afetando as comunidades, e o grande impacto desproporcional que está tendo sobre as minorias raciais e étnicas, incluindo pessoas de ascendência africana.

Para a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos Michelle Bachelet, isso expõe "desigualdades alarmantes". Ela apontou ainda como tal realidade está alimentando os protestos generalizados.

Por tudo isso, por aqui também pode haver manifestações fortes. Indicação disso já foi dada com o ato de mães de filhos mortos em ação policial no Rio de Janeiro e em outros realizados em várias cidades brasileiras.

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A luta antirracista explodiu nos EUA após o assassinato de George Floyd. O que falta para ocorrer o mesmo por aqui, uma vez que a violência é cotidiana? Falta organização e União da sociedade como um todo. Esse interesse é da comunidade negra apenas. Aqui raramente vejo pessoas brancas incomodadas com o racismo.

Marcilene Pereira Souza, Coordenadora Pedagógica na EMEI Silvia Popovic, DRE JT

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Racismo 2

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