O SINESP repudia a forma inaceitável como a Rede Globo se referiu à escola pública na novela O Tempo não Para, no dia 1º de setembro. Fórum das entidades sindicais porotocola nota de repúdio na sede da emissora.
A emissora fez um ataque irresponsável e descontextualizado da realidade com o intuito único de descaracterizar a importância da educação pública e o trabalho feito pela Rede Municipal de Educação de São Paulo, seus Profissionais de Educação e seus Gestores Educacionais.
Mostrou que sua dramaturgia é politizada e que seu lado é o da privatização do ensino, do fim da carreira e do concurso público.
Nesse momento pré-campanha eleitoral, num quadro instável e de futuro incerto, se posicionou a favor das propostas neoliberais de estado mínimo, privatização generalizada, destruição do serviço público, toda força ao mercado e contra o direito de greve dos trabalhadores.
Aqueles que ainda tinham dúvida do poder e da militância política da Globo, tiveram chance de entender como e em nome de que interesses ela atua.
O fato e o ataque
Uma obra de ficção tem liberdade de manifestação. Mas a Globo se aproveita do alcance de suas novelas para atuar politicamente na consciência da população. E faz isso em pleno horário em que a maioria das famílias estão chegando em casa e as crianças já terminaram o turno do ensino regular.
Dessa vez a vítima do ataque foi a Educação Pública. As personagens da novela, ao procurarem uma escola na região da Freguesia do O, são informadas que a unidade educacional está superlotada, tem falta de estrutura como mobiliário escolar, e que os educadores estão em greve. Tudo sem nenhuma contextualização ou análise real da situação, cujos dados o Retrato da Rede do SINESP expõe há mais de 10 anos (veja aqui o Retrato da Rede 2018).
A posição da atriz que faz papel de Diretora da Escola é de total rispidez e insatisfação no atendimento às personagens que buscam informação. Além de mostrar um estereotipo negativo da gestão, a cena também trouxe crítica destrutuva à carreira, ao concurso como forma de acessá-la e ao direito de greve, através de uma resposta às personagens sobre como trabalhar na educação, e dos comentários destas.
O SINESP esteve de forma ativa na greve histórica da rede municipal no presente ano e em conjunto com todos os servidores públicos municipais contra a reforma da Previdência Municipal (PL 621/16). Após o movimento, as aulas têm sido repostas após planos de reposição expostos em Conselho de Escola. Orientação que o SINESP efetuou pra seus filiados, na linha da Gestão Democrática. É inaceitável que a luta da categoria seja tratada de maneira tão rasteira por uma emissora de TV que, para estar no ar, usa uma concessão pública.
A ficção politizada da Globo também defende veladamente a educação formal familiar, que está em discussão no Congresso Nacional com o projeto que permite o homeschooling. De forma equivocada, defende a possibilidade da educação formal ser realizada nas residências, o que não atende os princípios da educação nacional.
A importância da família está em nossa Constituição, no ECA e na LDB, mas em apoio à ação da Escola. Vivenciamos programas que transferem à escola o atendimento de saúde e assistencial, ao mesmo tempo em que vemos projetos de homeschooling. Isso é claramente educação que separa ricos e pobres e desvaloriza o convívio entre as crianças como parte essencial do processo educativo.
Veja AQUI trecho do capítulo da novela com parte dos comentários acima relatados.
Confira, aqui, a nota de repúdio do fórum das entidades sindicais, enviado à rede globo de televisão.
A Rede Globo desinforma e desvaloriza a Educação Pública e a rede pública municipal com seu ataque.
O SINESP repudia esse ataque e se manifesta por imediata retratação!
E reivindica a mesma atitude de repúdio da Secretaria Municipal de Educação e da Prefeitura, com manifestação pública contra o ocorrido e pedido de retratação no mesmo espaço e horário.