Uma carta redigida a partir das opiniões e solicitações dos alunos da EMEI Dona Leopoldina, na DRE Pirituba, causou polêmica após a audiência pública realizada no dia 29 de agosto, na Comissão de Educação da Câmara Municipal, para debater a merenda escolar.

EMEIDonaLeopoldina ConselhoEscola Reunião do Conselho Escola da EMEI Dona Leopoldina, em que os alunos ganham voz, debatem o que consideram problemas na escola e participam da gestão A carta foi entregue ao Secretário Alexandre Schneider e seria lida em plenário pela mãe de aluno Perola Salome Gambini, que faz parte do Conselho de Escola e da Comissão de Alimentação, mas a confusão que se formou ao final da audiência não permitiu.

O SP-TV, da Globo, fez uma matéria sobre o tema. O espaço dado a pais de alunos, membros do Conselho de Escola, se posicionarem foi importante. Mas o apresentador do jornal foi extremamente infeliz nos comentários que fez, ao comparar a situação da EMEI Dona Leopoldina com outras ocorridas na cidade e sugerir que o problema pode ser da Gestão da Escola, sem prestar a devida atenção ao que disseram os pais à reportagem e aprofundar a compreensão da Gestão da Merenda Escolar encaminhada pelo governo, que carrega a raiz do problema. Veja AQUI a matéria do SP-TV.

Ao jornal Agora o Secretário afirmou que “leu a carta elaborada com base nos depoimentos das crianças e que pediu informações sobre o que está acontecendo”, mas “a Diretora da unidade não me informou de nenhum problema”. Veja AQUI a matéria do Jornal Agora.

Não é bem assim.

No dia 16 de agosto a direção da EMEI enviou email a SME – CODAE ATENDIMENTO, com cópia para SME e DRE Pirituba, baseada nas reclamações das crianças, apontando problemas gerados com a diminuição da quantidade de alimentos que a escola vem recebendo. Naquele dia, por exemplo, a escola recebera 12 Kg de frango, ante os 24 Kg que recebia e era a quantidade adequada para alimentar as crianças.

EMEIDonaLeopoldina ConselhoEscola 2Crianças fazem levantamento de ideias para mudança na escolaDevido a isso estão sendo elaboradas “receitas com muito molho (o único elemento do cardápio que é possível acrescentar)", como frisou a Diretora no email. Ela também apontou que o lanche se “resume a bolachas, pão com geléia, creme caipira, que não alimentam”.

E foi exatamente disso que as crianças reclamaram na carta – veja cópia da carta ao lado.

Só geleia de amora.... não tem suco de manhã, nem suco de laranja, porque não estão mandando”, e “o lanche da tarde só tem bolacha água e sal.... tem muito arroz doce, tinha de mandar frutas...”, são trechos da carta entregue ao Secretário.

Em relaçao à diminuiçao da quantidade de frango pela metade, as crianças dizem: "precisa mandar mais frango para fazer o frango assado que as fadinhas da cozinha fazem muito gostoso, mas faz tempo que não tem". É que antes dava para fazer coxa ou sobrecoxa assada. Não dá mais.

O Secretário também afirmou ao Agora que "o abastecimento de alimentos na Emei Dona Leopoldina está garantido". Sim, está, mas que abastecimento? O cardápio divulgado pela SME para o mês de agosto mostra a origem do problema apontado pelas crianças – clique AQUI para ver.

EmeiDonaLeopoldina CartaO que é servido no café da manhã e no lanche mostra a veracidade dos relatos das crianças, e que os alimentos fornecidos são ricos em açúcar e carboidratos, contrariando inclusive o suposto combate à obesidade propagandeado pela prefeitura. A direção da escola lembra que a CODAE coloca no site de SME sugestões pra substituição da geléia por patês, mas não envia os ingredientes para fazê-lo. E questiona: "por que já não acescenta ao cardápio e envia os ingredientes necessários?"

O problema, portanto, não é pontual e o solicitação da crianças quanto à quantidade e à diversidade são mais que pertinentes! Ou seja, o abastecimento realmente está garantido, o que se questiona é a redução das quantidades e a falta de variedade nos lanches.

Projeto premiado

A carta das crianças ao Prefeito, entregue ao Secretário, resulta de um projeto várias vezes premiado da EMEI Dona Leopoldina, como no Prêmio Paulo Freire de 2015, em que ficou com o terceiro lugar, e no Concurso Participação Infantil de 2016.

A escola criou o Conselho Mirim, formado pelas crianças, professores e funcionários. Nele os alunos ganham voz e protagonismo na gestão da unidade. Os problemas apontados são encaminhados às autoridades competentes, que vêm à escola debater e buscar soluções com as crianças. Esse é o procedimento para todas as questões que são levantadas e envolvem o que está além dos muros da escola.

Um exemplo está nas mudanças feitas pela CET na sinalização dos arredores da EMEI, debatidas em reunião com técnicos da companhia a partir de solicitação elaborada em reunião do Conselho e encaminhada ao órgão.

É uma experiência diferenciada, que merece muito respeito e admiração e respostas convincentes aos problemas apontados – veja AQUI texto da Diretora da EMEI Dona Leopoldina sobre o projeto.

O SINESP se solidariza com a Diretoria e as crianças da EMEI e solicita um posicionamento mais criterioso e fiel à realidade da Secretária Municipal de Educação.

 

Veja também

Gestão Democrática -Palestra apresentada pela Direção da Escola no Fórum Educacional e Sindical do SINESP em 2016

0
0
0
s2sdefault