A V Jornada LGBTI+ segue até o dia 11 de junho com diversas atividades na cidade, entre elas a 27ª Parada do Orgulho LGBTI+ de São Paulo, que fecha a jornada dia 11/6, na Av. Paulista, a partir das 10h, com o tema “Políticas Sociais para LGBTI+: queremos por inteiro e não pela metade" - Veja abaixo mais eventos programados.

Getúlio Márcio Soares, Supervisor Escolar, Dirigente do SINESP e militante LGBTI+, iniciou o evento no CFCL reafirmando o orgulho de sediar um evento da jornada.

Para ele é enorme a importância de fortalecer esse debate com os responsáveis pela gestão das escolas, em cujo ambiente precisa haver espaço para o trânsito de gênero e de orientação sexual num momento decisivo na vida de jovens e crianças.

“Que a gente se fortaleça com esse manual, no sentido do respeito à diversidade, e na promoção da paz, da solidariedade e do amor ao próximo no ambiente escolar” Disse Getúlio.

Em sua saudação em nome da Diretoria, a dirigente Rosana Capputi enfatizou a consonância do tema e do evento com as lutas sindicais. Segundo ela, “as lutas por políticas públicas de educação, de saúde, de moradia, antirraciais, contra a desigualdade, discriminações e violências, por oportunidades para todos e as demais que fortalecem a democracia na sociedade e nos comportamentos, como da defesa das pautas da comunidade LGBTI+, são parte das decisões debatidas e aprovadas nos Congressos do Sindicato”.

Manuais e Enciclopédia

Toni Reis, Diretor-Presidente da Aliança Nacional LGBTI+, apresentou o Manual Cristianismo e LGBTI+, que é parte de uma Enciclopédia com mais de 20 manuais, entre eles o de Educação e LGBTI+, cujo conhecimento pelas equipes gestoras é essencial. Segundo ele o Manual foi construído sobre 6 prícípios: racionalidade, civilidade, respeito, liberdade religiosa, Estado laico, não ao proselitismo e à doutrinação.

Toni agradeceu o espaço cedido para o evento e a parceria do SINESP. E enfatizou que os avanços são muito difíceis sem que os diversos setores sociais, como sindicatos e as organizações de minorias discriminadas, se irmanem e atuem em conjunto em suas lutas específicas e nas gerais. Disse ainda que a organização da qual é diretor conversa com todos os setores e atua com aqueles que estão na luta por direitos humanos, sejam da comunidade LGBTI+ ou de qualquer outro setor.

Veja vídeo com a apresentação do Manual LGBTI+ feita por Toni Reis e pelos coautores do Manual pastora Ana Ester e pastor André Sidnei Musskopf, e falas do dirigente do SINESP Getúlio Soares e vários outros participantes do evento:

 

 Manifesto da 27ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo

Queremos políticas sociais para LGBT+ por inteiro e não pela metade

Fonte: paradasp.org.br

A proteção social básica, direito de todas as pessoas, não abarca todas as famílias LGBT+ e as vítimas da LGBTfobia. A invisibilidade da população LGBT+, ou parte considerável desta, é fato concreto dentro das políticas públicas e assistência social do país. Muito falamos do SUS, o Sistema Único de Saúde, que é exemplo para o mundo, apesar de algumas falhas. Mas pouco, ou quase nada, é falado do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Presente em todo o Brasil, o SUAS deveria garantir a proteção social aos cidadãos, prestando apoio a indivíduos, famílias e à comunidade no enfrentamento de suas dificuldades por meio de serviços, benefícios, programas e projetos. No entanto, mostra-se fragilizado quando se trata do público LGBT+. 

A maior parte dos seus planos, programas, projetos, serviços e benefícios são disfarçadamente direcionados às famílias e indivíduos cisgêneros e heterossexuais. Essas distorções ficam evidenciadas quando procuramos fazer parte desses programas, que possuem requisitos quase sempre inalcançáveis pelas genealogias LGBT+. Não existe um olhar específico para essa comunidade, que sobrevive em um país que viola suas vidas.

No programa federal de moradia popular Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, não há qualquer diretriz que garanta, nos residenciais com construção em andamento no Brasil, uma cota específica de moradias para pessoas LGBT+ de baixa renda, conforme ressalta a prefeitura de Belém, no Pará, que promoveu, neste ano, um mutirão para cadastrar essa população no programa.  

Segundo dados da Pesquisa do Orgulho, conduzida pelo Datafolha, em parceria com Havaianas e a organização internacional All Out, pelo menos 37% da população LGBT+ tem dificuldade de acesso à educação, enquanto quase 40% enfrentam diariamente o preconceito em serviços de saúde.

Passamos os últimos quatro anos em uma gestão desastrosa do desgoverno de extrema direita de Jair Bolsonaro. Assistimos atônitos aos ataques à democracia, tentativas de golpe, volta da fome, Amazônia devastada e abandono do povo brasileiro. Entre tantas intemperanças ao estado de direito, vimos também a retirada da população LGBT+ das Políticas de Direitos Humanos. 

O novo governo federal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem forte preocupação social e traz a oportunidade de debater a assistência social para a comunidade LGBT+. O momento é agora! Políticas públicas serão debatidas, definidas e executadas. 

Chegou a hora de a Parada ser um instrumento para evidenciar os diversos dilemas vividos pela população LGBT+ que se encontra em situação de rua, com a falta de moradia e empregos, pobreza e exclusão social. É necessário discutir temas evidenciados na política de assistência social que possam gerar respostas e soluções para os problemas que estamos enfrentando. 

Queremos reivindicar um modelo de gestão participativa, onde o SUAS articule esforços e recursos dos municípios, estados e união para a execução e o financiamento de políticas nacionais de assistência social LGBT+. As Paradas de Orgulho têm enorme poder de jogar luz sobre temas esquecidos ou ignorados pelo poder público. 

Por esse motivo, o tema da 27ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo é: “Queremos políticas sociais para LGBT+ por inteiro e não pela metade”. Nosso objetivo é tornar o SUAS mais conhecido dentro da comunidade e do ativismo LGBT+. Precisamos legitimar nossa luta e fazer com que o nosso país atenda e entenda as especificidades dessa parcela da população brasileira. É urgente enfrentar a discriminação e a exclusão, que agrava a situação dessas pessoas, além de fomentar o vício em drogas, o que as leva à viver nas ruas e passar fome.

É raro ou inexistente o foco das marchas pelo Brasil em pessoas LGBT+ de baixa renda, em insegurança alimentar ou situação de rua. A Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOLGBT-SP) quer gerar um marco histórico ao fazer com que o movimento, governos de diferentes níveis, empresas e sociedade em geral passem a dar atenção à população LGBT+ em grave situação social.

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