"As aulas absolutamente não podem voltar em setembro. São Paulo e o Brasil não vivem um bom momento para reabertura de escolas", afirma o matemático Eduardo Massad, professor titular da Escola de Matemática Aplicada Fundação Getúlio Vargas (FGV), nesta terça-feira, dia 14 de julho, em debate virtual com especialistas realizado pelo Instituto Butantan em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapesp)

De acordo com números do Consórcio de Imprensa, o Brasil registra mais de 75 mil mortes por Covid-19 e cerca de dois milhões de infectados até o momento

As mortes diárias por coronavírus no estado de São Paulo continuarão em patamar elevado até 2021, segundo projeção apresentada pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas. Segundo ele, que faz parte do Centro de Contingência do governo, há piora na pandemia. "O ideal seria aumentar o isolamento social para 70%", afirmou.

“Nós vamos manter essa epidemia por um bom tempo ainda. A taxa de mortalidade, embora possa estar estabilizada, está em um patamar elevado. Temos algo em torno de 300 óbitos por dia no estado de São Paulo. O que corresponde a um Boeing 747. Estamos tendo a explosão de um Boeing 747 por dia e pode ser que isso se prolongue até o ano que vem”, disse o diretor, em fala que causou surpresa já que contraria o discurso do governo do Estado.

Fórmulas matemáticas

Usando números atuais e com base em fórmulas matemáticas, mesmo usando máscara, mesmo botando distância de dois metros, no primeiro dia de aula seriam 1.700 novas infecções, com 38 óbitos. Depois de 10 dias, esse número dobraria, quadruplicando depois de 15 dias. Então, abrir as escolas agora é genocídio, afirmou Massad. 

"Alguns dirigentes têm usado o platô como argumento pra dar sustento às suas políticas de relaxamento das medidas de isolamento social. Na verdade, o platô é a assinatura do fracasso. Toda curva epidêmica que se preze tem que atingir um pico e cair", afirmou. Segundo o matemático, atualmente, 500 mil crianças portadoras do vírus estão circulando no Brasil. Caso aconteça uma reabertura precipitada das escolas, o país pode saltar de 300 mortes de crianças abaixo de 5 anos para 17 mil até o final do ano.

O SINESP luta pela não volta às aulas presenciais desta forma que a SME está desenvolvendo

Também na terça, 14 de julho, o SINESP participou da reunião virtual do Comitê de Crise da Educação junto da Comissão de Educação, Cultura e Esporte da Câmara Municipal e outros Sindicatos e entidades. Na ocasião, os dirigentes do SINESP manifestaram a necessidade de envolver outros setores na discussão, cobrando diálogo da rede da Rede Municipal de Educação, além de apontar problemas estruturais, como a falta de profissionais de educação. O SINESP também defendeu a necessidade de garantir um programa eficaz de alimentação escolar, além de questionar o secretário Bruno Caetano sobre a fala em reunião de DRE que, na volta às aulas, cririanças, bebês e estudantes que não retornarem poderão perder as vagas. Como encaminhamentos, foi aceita a proposta do SINESP de ampliar a presença de especialistas no comitê de crise.

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Além de apontar a necessidade de solução para os problemas estruturais que já afetavam as escolas municipais de São Paulo antes da pandemia, levantados no Retrato da Rede, pesquisa realizada há mais de 14 anos pelo SINESP, o sindicato promove o Diálogos SINESP, que vem abordando o assunto com gestores e especialistas por meio de entrevistas e debates para ampliar o diálogo com a comunidade escolar e promover a conscientização da SME para as prioridades na estruturação da RME antes de se pensar em um plano de volta às aulas.

Não perca o próximo Diálogos SINESP, dia 28 de julho, às 18h30. Com a presença de especialista na Educação e de médico epidemiologista, a edição tratará da implicação de abrir escolas neste momento da pandemia.

SINESP: Junte-se a quem luta com você!

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