A música não é brincadeira, amigo / A música é a arte do encontro. Assim, parafraseando Vinicius de Moraes, o presidente do SINESP, Luiz Ghilardi, abriu a primeira edição do Música em Debate nesta terça-feira, dia 14 de julho. A nova atividade cultural do SINESP reuniu 32 filiadas por meio da plataforma Zoom. Todos se emocionaram com memórias e lembranças históricas e refletiram sobre a intertextualidade presente nas composições em questão.

A ideia do Música em Debate é justamente essa: promover uma reflexão sobre o processo, o histórico e a lírica musical de determinadas composições. Neste primeiro encontro, o foco foi nas obras de Aldir Blanc, que faleceu em maio devido à Covid-19.

Mestre em Língua Espanhola e professor de Espanhol do CFCL-SINESP há mais de 20 anos, o professor Marcos Maurício Alves da Silva lembra que este foi um fator determinante para a realização do Música em Debate, que já vinha sendo gestado há algum tempo junto à diretora cultural do SINESP, Norma Lúcia Andrade dos Santos. “Veio uma discussão por parte do governo de não se falar dos que morreram de Covid e não poderíamos deixar a morte do compositor passar em branco”, destaca.

“Eu já uso muito a música nas minhas aulas de espanhol, nesta questão prosódica, mostrando as diferenças da língua em cada região, e a ideia já tinha surgido há algum tempo”, lembra o professor. Jean Rodrigues Siqueira, professor-doutor de graduação e Pós-Graduação de Filosofia, também debatedor, ressalta que é preciso afastar o relativismo hermenêutico ao analisar uma obra de arte, por isso a importância de eventos como esse. “A riqueza da arte é que possibilita interpretações mas nem todas têm o mesmo estatuto”. As chaves de leitura aqui têm papel fundamental e é preciso, antes de tudo, entender o contexto em que as obras estão inseridas.

Na pauta, composições de Aldir Blanc

Além de falar do compositor, que deixou mais de 600 obras em 50 anos de carreira, o professor Marcos lembrou que Blanc também era médico psiquiatra e escritor. As composições debatidas foram “Cabaré”, “Caça à raposa” e “Incompatibilidade de Gênios”.

O “Cabaré” sugere que o cenário é usado para projetar uma analogia à vida. Já em “Caça à Raposa”, o autor usou uma cena de caça para driblar a censura e falar sobre a perseguição aos opositores do regime militar. O arranjo do samba “Incompatibilidade de gênios” traz novos instrumentos que vão se somando para mostrar o aumento da angústia e do sofrimento à medida que o personagem vai contando suas mazelas com a companheira para o “dotô”.

Jean Siqueira destaca a riqueza do poeta para conseguir driblar a censura. “É preciso deslocar o significado das palavras devido ao contexto histórico”. Das músicas em debate, a mais emblemática neste sentido é a “Caça à Raposa”. Relatos surgiram a partir de todos ouvirem a gravação de Elis Regina. “Histórias pessoais aliadas à dramaticidade da música: é de arrepiar e de tirar lágrimas até de quem não vivenciou isso”, assinala a filiada Ana Maria Pimenta.

A importância da música

Arte e encantamento marcam a estreia do Música em Debate. A participação ativa das filiadas, como sempre, é determinante para o sucesso da edição. São muitos relatos, saberes e memórias compartilhados. A filiada Rosângela Borges Pereira Forte, por exemplo, também lembrou de outro gênio da música que morreu faz pouco tempo. “Quando vejo filmes que têm a trilha sonora feita por Ennio Morricone, eu fecho os olhos para curtir a música, eu paro para ouvir”, assinala.

Vânia Chamma Ragazzi indica que, na vida, usou mais a música como instrumento de trabalho do que como diversão. “Em reuniões pedagógicas como relaxamento, no antes e depois”, conta. Já a filiada Mary Lucia Pereira Prado, casada com o músico e compositor Paulo Kannecressalta que música é vida e, com o isolamento da pandemia, a música se tornou tudo para ela: “É o momento de Encontro do Divino”, pontua. O termo foi usado também por várias outras filiadas para definir o que a música representa para elas. 

Participantes aprovam Música em Debate em comentários

Norma Lúcia Andrade dos Santos, dirigente do SINESP: É uma experiência tremenda participar desse debate e escutar esses depoimentos de vocês!

Maria Cristina Ribeiro, dirigente do SINESP: Agradeço pela oportunidade de reflexão... Tarde muito agradável!

Leila Soares da Silva, filiada: Obrigada pela musicalidade dessa tarde! Quando será a próxima?

Maria Cristina Garcia Vilaça, filiada: Adorei!

Ana Maria Pimenta, filiada: Música em Debate é tudo de bom! Parabéns pela iniciativa!

Rosângela Borges Pereira Forte, filiada: 100% de participação! Sucessooo!

Vânia Chamma Ragazzi, filiada: Que riqueza e que contribuição nos dá neste momento, parabéns pela iniciativa! Momento memorável em momentos pandemônicos.

Uma nova edição do Música em Debate já está sendo programada para o finalzinho de agosto.

Fique atento aos nossos canais de divulgação de eventos e participe!

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>>> Clique aqui para ter acesso ao material completo do 1° Música em Debate do SINESP

>>> Confira mais fotos da primeira edição do Música em Debate abaixo:

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