A campanha de esclarecimento e prevenção a essa terrível doença teve inicio nos Estados Unidos, em 1990, quando o laço rosa foi distribuído pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, e virou símbolo do Outubro Rosa.

A campanha, que se tornou mundial, é de grande importância para abrir espaço para o debate sobre a prevenção à doença, que atinge 28,1% das cancerígenas no país, e chegou ao Brasl em 2002. Um grande avanço foi o Sistema Único de Saúde (SUS) passar a fazer tratamentos, exames e desenvolver campanhas de esclarecimentos para a prevenção desse tipo de câncer.

O SINESP, cuja base que representa é majoritariamente feminina, adere e divulga o Outubro Rosa porque é fundamental orientar as mulheres a cuidar da saúde e a prevenir o câncer de mama.

Dicas do Instituto Nacional do Câncer para a prevenção:

- Praticar atividade física regularmente;

- Alimentar-se de forma saudável;

- Manter o peso corporal adequado;

- Evitar o consumo de bebidas alcoólicas;

- Amamentar

Sinais e sintomas

- Caroço (nódulo) fixo, endurecido e, geralmente, indolor;

- Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja;

- Alterações no bico do peito (mamilo);

- Pequenos nódulos na região embaixo dos braços (axilas) ou no pescoço;

- Saída espontânea de líquido dos mamilos

No Brasil, a recomendação do Ministério da Saúde - assim como a da Organização Mundial da Saúde - é a realização da mamografia de rastreamento (quando não há sinais nem sintomas) em mulheres de 50 a 69 anos, uma vez a cada 2 anos.

Mamografia dói? Veja 11 perguntas e respostas sobre o exame

mamografia

Fonte: UOL

Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), o câncer de mama é o segundo tipo da doença mais comum entre as mulheres no Brasil, com uma estimativa de 57 mil novos casos por ano.

A boa notícia é que 95% dos casos diagnosticados precocemente têm possibilidade de cura. E, por isso, as campanhas do Outubro Rosa batem na tecla do diagnóstico precoce, que é feito por meio da mamografia. O exame levanta uma série de questionamentos: qual é idade ideal para fazer? Dói? Quem tem silicone pode fazer? Na lista abaixo, tire as principais dúvidas sobre o exame.

Fontes: Bruno de Carvalho Mancinelli, mastologista da Clínica da Mulher do Hospital 9 de Julho; Gilberto Amorim, diretor da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica) e Rafael Kaliks, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein. Thamires Andrade Do UOL 02/10/2017 04h15

O que é mamografia?

É um exame semelhante a uma radiografia, assim como as que são realizadas no tórax ou no pulmão. A radiografia da mama é o melhor exame para detectar precocemente o câncer de mama e lesões que ainda não são câncer, mas podem se tornar.

de qualidade. Uma vez posicionada a mama no aparelho, o exame é rápido e são tiradas duas "fotos".

Tem algum preparo para fazer a mamografia?

Não há necessidade de preparo especial, como jejum, para realizar o exame. No entanto, se o seu desodorante costuma deixar resíduos na pele, não o use antes do exame, pois o resíduo pode atrapalhar. Também não há necessidade de pedir o colar de tireoide para realizar o exame. A SBRAD (Sociedade Brasileira de Radiologia) não é a favor desse objeto, pois, além da dose de radiação na mamografia ser pequena e segura, o colar pode atrapalhar a qualidade do exame.

A mamografia é um exame doloroso?

O exame pode sim ser doloroso, mas os médicos preferem a palavra "desconfortável" para descrevê-lo. Quanto mais densa for a mama, mais incômodo a mulher pode sentir. Ainda que cada uma tenha uma sensibilidade diferente para dor, como a compressão no aparelho é rápida, o desconforto também é passageiro. Para amenizar a dor, uma das estratégias é evitar fazer o exame durante o período menstrual ?momento em que a mama fica mais inchada e sensível.

E quando devemos realizar a mamografia? O Ministério da Saúde preconiza que as mulheres entre 50 e 69 anos façam o exame a cada dois anos. No entanto, a SBOC, a SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia) e outras entidades discordam e indicam que as mulheres acima de 40 anos façam o exame anualmente. De fato, a incidência do câncer de mama é maior depois dos 50 anos, no entanto, a realidade brasileira é que de 30 a 40% dos cânceres de mama são diagnosticados em mulheres abaixo dessa idade. Sendo assim, para, de fato, ser um diagnóstico precoce o rastreamento precisaria ser feito antes. Ainda que a qualidade do exame nas mulheres na faixa dos 40 anos não seja a ideal, já que as mamas ainda são mais densas, o exame segue indicado pelos médicos para o diagnóstico precoce.

E quando há casos de câncer na família?

Quando há casos de histórico familiar, a recomendação é diferente. Se for um parente de primeiro grau, o ginecologista deve ficar ainda mais atento. A indicação é de que a paciente deve começar os exames de rastreamento 10 anos antes do caso mais jovem da família. Ou seja, se a familiar tiver tido câncer aos 40 anos, ela deve começar os exames aos 30. Como a mamografia não é tão boa para mulheres mais jovens, o médico pode pedir outros exames complementares, como ultrassom e ressonância das mamas.

Mulheres com prótese de silicone podem fazer a mamografia?

Ter prótese de silicone não é contraindicação para fazer o exame. No entanto, é preciso avisar ao técnico sobre a prótese para que ele faça a manobra de Eklund para afastar o silicone do campo da mama e fazer um exame sem a interferência da prótese. Outra diferença é que a mulher com prótese precisa tirar mais "fotos" durante o exame. Mas a paciente pode ficar tranquila durante o exame, pois o mamógrafo não rompe a prótese.

Quem amamenta pode fazer o exame?

Até pode, mas o exame só é recomendado nessa fase em caso de forte suspeita. Quem está amamentando, via de regra, está sendo examinada, mas existem casos raros de câncer durante a amamentação e até na gravidez. O médico que deverá julgar se é necessário investigar mais.

A mamografia é o único exame que detecta o câncer de mama?

Não é o único, porém é a principal ferramenta para diagnosticar a doença precocemente. Exames como ultrassom e ressonância magnética são indicados apenas para complementar o diagnóstico.

O resultado da mamografia está sempre correto?

Ainda que a mamografia tenha uma boa acurácia, existem cânceres que não podem ser vistos no exame por conta de limitações técnicas. Sem contar que, como todo exame, ele tem suas falhas: uma taxa de 7% de falsos positivos e de 10 a 15% de falsos negativos. Mas ainda assim é importante que o paciente consulte um ginecologista ou um mastologista para que o médico oriente autoexame e eventualmente peça exames complementares.

Mamografia reduz a mortalidade por câncer de mama?

Sim. Como a mamografia é capaz de detectar o câncer de forma precoce, ela consegue reduzir de 20 a 30% a mortalidade pela doença. Quando encontrado em estágio inicial, o tratamento é mais eficaz, com número reduzido de sessões de quimioterapia e a cirurgia também é menos mutiladora.

 

Câncer de mama metastático não é mais visto como sentença de morte

No Brasil, cerca de 13 a 15 mil mulheres convivem com a doença anualmente e as mudanças no tratamento foram fundamentais para que o diagnóstico de metástase deixasse de ser uma sentença de morte.

Antigamente, quem recebia diagnóstico de metástase vivia pouco tempo. Era algo agudo. Hoje nós conseguimos manter a paciente com a doença controlada por longos períodos", explica Pedro de Marchi, oncologista do Hospital de Câncer de Barretos.

Essa mudança no paradigma da doença é semelhante com o que aconteceu com o HIV na década de 80. Max Senna Mano, chefe do Grupo de Câncer de Mama do Icesp (Instituto do Câncer de São Paulo), lembra que, antigamente, os pacientes morriam de Aids dois meses depois do diagnóstico, enquanto hoje as pessoas vivem anos como vírus reprimido com qualidade de vida.

No caso de câncer de mama, as mulheres já vivem de 10 a 15 anos com a doença em sua forma crônica. Isso só foi possível graças ao avanço da medicina personalizada, que é uma classe de medicamentos desenvolvida para atuar em um alvo específico e controlar o desenvolvimento do tumor.

Diferentemente da quimioterapia, que mata qualquer célula, as drogas alvo moleculares atacam apenas as tumorais. “O medicamento impede que a célula tumoral se reproduza e isso faz com que elas envelheçam e morram naturalmente”, explica Marchi.

Entraves da medicina personalizada

Oncologista há mais de 40 anos, Drauzio Varella acredita que essas dezenas de novas drogas estão colocando a oncologia em um outro patamar. Mas para ter acesso a essas novas terapias, existem alguns entraves. Um deles é o exame capaz de detectar a mutação do tumor, que não é coberto pelo SUS. “Esse teste costuma ser financiado pela indústria farmacêutica”, fala Marchi.

A outra questão é referente ao custo dessas medicações. “São drogas caras, que tem um processo de desenvolvimento custoso e, por isso, entram no mercado com preço alto. Isso faz com que a Anvisa segure a liberação desses novos medicamentos, pois o impacto financeiro no SUS e na saúde suplementar vai ser grande”, destaca Drauzio Varella.

E essas drogas que conseguiram elevar a qualidade de vida das pacientes. “Hoje elas têm a vida mais próxima possível do normal. A maioria trabalha e toca a vida normalmente, mas com algumas limitações, como ter que vir no hospital fazer tratamento”, fala Manso.

No entanto, os medicamentos têm sim efeitos colaterais. “Dependendo da droga, a qualidade de vida não é tão boa. Algumas provocam diarreias importantes. Se um dia passando mal já é ruim, imagina viver com isso?”, questiona Drauzio.

Além das drogas anticâncer, Rafael Kaliks, oncologista membro da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica), também destaca que houveram avanços no controle da dor das pacientes, principalmente nas que tinham metástase óssea.

 “Agora temos mais drogas para a dor e para diminuir os efeitos colaterais do tratamento, como as dores neuropáticas que comprometem os nervos. Também temos uma série de antidepressivos para ajudar no controle da depressão”, elenca Kaliks.

Mas então essas drogas são capazes de curar o câncer?

Ainda não dá para dizer isso. As drogas alvo moleculares, de fato, são um avanço importante para a oncologia, mas o problema é que, eventualmente, elas param de fazer efeito e aí o oncologista precisa trocar o protocolo e, muitas vezes, a doença progride.

Segundo Drauzio, o termo 'cura' é muito evitado pelos oncologistas. “Hoje temos casos de câncer de mama com remissão completa de cinco anos. Será que esses pacientes não estão curados definitivamente? Talvez sim, mas a gente é reticente em falar ‘cura’, preferimos remissão. Mas no futuro acredito que existirão drogas capazes de curar a doença", fala Drauzio.

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