O Economista, Doutor em Ciência Política e Comentarista na TV Cultura Ricardo Sennes apresentou análise do atual cenário político-econômico do Brasil a partir dos pontos de vista estrutural e o conjuntural em programa que foi ao ar nessa terça-feira, 18 de agosto, com mediação da dirigente do SINESP Letícia Grisólio Dias.

O programa SINESP Formações é uma inovação do Sindicato voltada à formação do Gestor Educacional e da Sociedade com palestras, seminários e ciclos de debates em transmissões ao vivo pelo Youtube e Facebook, como forma de ampliar o espaço formativo dos cursos e atividades online do CFCL.

Veja a íntegra da live do SINESP Formações com Ricardo Sennes.

 

Cenário complexo

Ricardo Sennes abordou a conjuntura política, econômica e social, inclusive dentro da pandemia, e as propostas de reformas macroeconômicas em andamento, com elementos de reflexão sobre o papel do funcionalismo público neste cenário, os ataques que vem sofrendo e os caminhos que poderão ser percorridos.

Em suas observações, considerou os avanços estruturais no Brasil nos últimos 20 anos, com um processo de solidificação das instituições e um salto considerável em qualidade de políticas públicas, mas também com perceptíveis retrocessos na oferta ou continuidade de algumas políticas públicas.

Lembrou que o crescimento econômico do último ciclo foi responsável pelo aumento da mobilidade social e do poder de compra da população de baixa renda gerando um novo perfil de mercado. E que, entretanto, o ritmo de avanço do mercado não foi acompanhado pela melhoria dos serviços públicos.

Para ele, os problemas conjunturais podem ser entendidos como consequências de uma crise multidimensional cujas variáveis se retroalimentam.

De um lado, a crise econômica produz baixos índices de crescimento e elevados índices de desemprego, desestimulando a confiança dos setores financeiro e produtivo. De outro, questões imponderáveis, como a Operação Lava Jato, e sistêmicas, como a alta fragmentação partidária no Congresso, reforçam o ambiente de tensão político-institucional.

A esse contexto se somam a decisão do presidente Jair Bolsonaro de não formalizar uma coalizão governista, e a sua constante oscilação entre o conflito e o apaziguamento com grupos de interesse e com a classe político-parlamentar.

De acordo com Sennes, o que traz maior estabilidade hoje para o governo Bolsonaro, que é fortemente calcado na agenda eleitoral, é o tripé que alcançou recentemente com o auxílio emergencial, que trouxe mudança no perfil do apoio do presidente, a moderação do discurso e o acordo com o Centrão, que bloqueia qualquer tentativa de interromper o mandato de Bolsonaro no Congresso.

A chave é uma certa coordenação política, assinala o cientista político com ceticismo, já que o que vê é que o governo não está tendo capacidade para uma saída estruturada dessa crise de múltiplas dimensões.

Em relação à reforma administrativa, Sennes destaca que não acredita que o assunto ganhe força no Congresso tão cedo. E quando retomarem a discussão, ele ressalta que as áreas estruturantes e estratégicas, como Educação e Saúde precisam ser descoladas das de carreiras de estado e mais ainda da área pública em geral. Mas, alerta, quando deixa essas discussões se misturarem, prejudica o debate. A sociedade já tomou sua decisão na Educação e na Saúde, vendo a importância dessas áreas neste momento da pandemia, sublinha.

O especialista vê com reservas o impacto que as áreas de políticas sociais estruturantes possam ter com as políticas sociais agressivas de transferência de renda que o governo vem tomando com a pandemia. É preocupante porque o governo quer reduzir orçamentos de Educação e de Saúde, aponta. Quando o presidente Bolsonaro faz questão do Auxílio Emergencial Prolongado, de olho na popularidade, é muito difícil, no mínimo complicado, de a oposição mais à esquerda ser contra.

É possível escapar do populismo no Brasil?, questiona a dirigente do SINESP Letícia Grisólio Dias. Essa tendência certamente ficará por três ou quatro anos ainda, sinaliza Ricardo Sennes.

 

E não perca o SINESP Formações com Mário Sérgio Cortella: Acúmulo de responsabilidades: É possível ser feliz durante a pandemia?

Quinta, 20 de agosto, 19h00.

Com MÁRIO SÉRGIO CORTELLA , Filósofo, Escritor, Dr. em Educação, Prof. Titular da PUC/P por 35 anos, ex-Secretário Municipal de Educação SP, ex-Assessor e Chefe de Gabinete do Prof. Paulo Freire, e ROSANA CAPPUTI BORGES, Diretora de Eventos Educacionais do SINESP, Diretora de Escola, Mestre em Psicologia Social (PUC/SP).

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