MarchaConscNegra 2017 Site 1O Dia Nacional da Consciência Negra foi celebrado em todo o país no 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares, o maior símbolo brasileiro da resistência à escravidão.

O SINESP divulgou, convocou e participou da 14º Marcha da Consciência Negra, realizada em São Paulo, para celebrar a data e reforçar a luta contra o racismo que persiste e o genocídio do povo negro que ele gera, sobretudo da juventude que vive nas periferias da cidade, alunos em potencial das escolas municipais que a categoria dirige.

O tema da 14ª Marcha foi “Contra o Racismo e o Genocídio: Por um Projeto Político de Vida para o Povo Negro”. Foi um tema oportuno porque é preciso reforçar as campanhas em favor da igualdade de direitos. “ Nosso MarchaConscNegra 2017 Site 2país é extremamente desigual e racista, e para comprovar isso basta ver as estatísticas, como a pesquisa divulgada esse mês pelo IBGE, que mostra uma maioria de pretos ou pardos entre os desempregados no país”, afirma Maria Benedita de Andrade, a Benê, Vice-presidente do SINESP.

Ele se refere a recente levantamento divulgado pelo IBGE, mostrando que 63,7% dos mais de 13 milhões de desempregados no país são negros ou pardos, e que a população negra continua sendo pior remunerada: recebe, em MarchaConscNegra 2017 Site FlordeliceA Conselheira do SINESP Flordelice com o ator Ailton Graça durante a Marcha nesse 20 de novembromédia, metade do salário dos brancos. Relatório da ONG Oxfam Brasil estima que negros e brancos só terão renda equivalente no país em 2089, daqui a pelo menos 72 anos.

Esses dados mostram a gravidade do racismo institucional, a começar pelo mercado de trabalho. “Ano que vem completam 130 anos da Abolição, e os seres humanos que foram vítimas da escravidão hoje são a maioria entre os marginalizados, sem trabalho, sem terra, sem moradia, sem escola e vítimas preferenciais da violência policial, que promove um verdadeiro genocídio da povo preto, tendo como principais vítimas os homens jovens”, lembra Norma Lúcia de Andrade, Diretora de Políticas Sociais do SINESP.

Na capital, o ato começou no vão do MASP e saiu em caminhada pela avenida Paulista. Flordelice Magna Ferreira, Diretora da EMEF Cel. Luiz Tenório de Brito e Conselheira do SINESP, percorreu todo o trajeto com expectativa de “dar sua contribuição para a que esse seja um grande protesto de denúncia à sociedade da violência que sofremos todos os dias”. Para ela, a batalha por uma sociedade igualitária, justa e humanizada tem que ser diária.

 

Consciência Negra sempre!!!

MarchaConscNegra 2017 Site 3As manifestações realizadas no dia 20 de novembro expressam a denúncia do racismo, da discriminação e da intolerância que persistem na sociedade brasileira, em seus espaços sociais e privados.

O SINESP divulgou a marcha e incentivou a participação, convicto de que mais que nunca é preciso ir às ruas em defesa da tolerância, da democracia, da distribuição de renda, porque o país vive uma escalada inédita de violência ideológica, imposição de ideias conservadoras, retrocessos históricos em direitos democráticos, sociais e trabalhistas.

O SINESP sempre se preocupou com o combate ao racismo

Nos 20 de novembro, elaborou inúmeros cartazes de divulgação e programou atividades voltadas à reflexão do tema. A inclusão social, o combate às diferenças, a compreensão e a aplicação da Lei 10.639/03,que regula o ensino da história e cultura afro-brasileira, obrigatório nos currículos do ensino fundamental e médio, são fontes de preocupação constante.

Nesse ano, foi oferecido aos filiados o Curso presencial: “HISTÓRIA, CULTURA E SOCIEDADE NO CONTINENTE AFRICANO”, realizado no Centro de Formação, Cultura e Lazer, o CFCL-SINESP.

O propósito foi desenvolver estudos sobre as sociedades africanas e suas diversidades (línguas, organização social, organização econômica, organização política etc), através da discussão de conceitos (tribo, etnia, grupo étnico, nação, estado etc.) geralmente confusos e ideologicamente carregados, além de expor o conjunto dos valores civilizatórios africanos (noção de pessoa, família, poder, produção etc).

Três encontros foram programados com os temas: Introdução aos Estudos africanos / História da África; Saber e conhecimentos “tradicionais” / O saber colonial, o “africanismo” e a institucionalização da antropologia; Atualidade da antropologia africana / Valores civilizatórios negro-africanos.

Defesa da carreira

Um dos princípios mais caros ao SINESP é a defesa da Carreira e do Concurso Público como forma de acesso aos cargos de Gestor Educacional. Essa defesa reforça a convicção do Sindicato em torno da luta pela inclusão dos desiguais, seja pela raça, etnia, sexo ou identidade de gênero.

O Concurso é a forma mais democrática de acesso. Dá oportunidade a todos, selecionando os que se preparam melhor ao longo da vida acadêmica e profissional, e elimina filtros e distorções que indicações e eleições geram. Para entender melhor essa última afirmação, basta olhar para nosso Congresso Nacional: entre os eleitos, apenas 3% têm a pele preta, e a representação de mulheres e da população LGBT também está muito aquém da realidade. É claro que o concurso não prescinde da existência de políticas afirmativas, voltadas a reparar danos e atrasos históricos a que o povo negro foi submetido devido, sobretudo, à escravidão.

Por um projeto político para o povo negro

Numa sociedade desigual e opressora como a brasileira, é preciso um projeto político bem estruturado, que atinja todas as frentes de resistência, de forma a ampliar as políticas de reparação da desigualdade já existentes, como as cotas raciais nas universidades, e a criminalização do racismo.

Um projeto no qual a vida digna para a população negra seja o centro de uma sociedade anti-racista, e que contemple estruturalmente as mulheres negras, que ocupam a pior posição nas estatísticas: são as mais pobres, que têm os menores salários, que mais sofrem violência e injustiças.

Em que a violência policial, que age desenfreadamente e sem controle nas periferias e tem como vítima predileta jovens negros do sexo masculino, seja combatida a partir da raiz, que é a diferença na renda, nas oportunidades, na escolarização, no acesso ao emprego.

Um projeto como esse somente pode se arquitetar tendo por base um mundo que ponha na centralidade a humanidade das pessoas e seus direitos primordiais como real igualdade, saúde e educação dignas, uma economia justa e que não vise à acumulação de riqueza sem fim e sem sentido, e um meio ambiente equilibrado.

O 20 de novembro é também dia de relembrar os heróis e mártires da resistência negra, de denunciar as mazelas que persistem e de afirmar o direito à igualdade social!

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