editorial2019-sinesl.jpgO impacto de uma campanha eleitoral marcada pela violência mantém o país dividido. Não faltam cobranças de bom senso ao governo Bolsonaro e de abandono do clima de palanque eleitoral que prevalece, mesmo após a posse do Presidente. Que virão tempos difíceis para os trabalhadores é uma certeza que se impõe a cada dia. Desmonte do ministério do trabalho, ameaças de aprofundamento da reforma trabalhista, de precarização das relações patrão/empregado com a prometida adoção da carteira de trabalho verde-amarela, anunciam uma visão de mundo excludente e perversa. Aos trabalhadores da educação há prenúncio de cenário ainda mais nebuloso, como ficou evidente no pronunciamento do ministro da Educação - Ricardo Vélez Rodríguez - ao tomar posse do cargo. Quixotesco, o ministro promete combate a um “marxismo cultural” presente na educação, segundo ele. Cortina de fumaça para escamotear os reais problemas da educação, guerra ideológica ou desinformação e desconhecimento da área? O tempo responderá, não sem antes aprofundar as verdadeiras dificuldades enfrentadas pelo setor.

No âmbito municipal, a gestão Bruno Covas promoveu uma troca generalizada de secretários, em busca de um governo para chamar de seu - DOC de 08/01/2019. Com isso o prefeito estaria promovendo estratégias para sua reeleição em 2020, bem como pagando apoio de parlamentares à aprovação da reforma da previdência municipal ocorrida em dezembro de 2018.

Na pasta da educação, no lugar de Alexandre Schneider, entra João Cury Neto, ex- secretário de educação de Marcio França, de quem Bruno Covas é próximo.

A auto-complacência de Schneider em sua mensagem de despedida por uma rede social pouco combina com a opinião que parte dos Gestores Educacionais têm sobre sua segunda passagem pela SME. Nesses dois anos fez parte de um governo que foi duro e implacável para com os trabalhadores da educação, que com os demais servidores foram recebidos a bala de borracha e gás de pimenta na busca de serem ouvidos na reforma da previdência municipal. Um governo que impediu mesas de negociação e não discutiu reajuste anual de salários.

As condições de trabalho dos Gestores Educacionais são desgastantes, como a dos demais profissionais da educação. A pesquisa do SINESP "Retrato da Rede" vem mostrando ao longo dos anos dados de falta generalizada de servidores nas Unidades. Não há programas de promoção da saúde do trabalhador ou de prevenção a doenças. O aumento do adoecimento da categoria e a precarização das pericias médicas demonstram o quanto esse governo despreza a saúde dos servidores.

A universalização da pré-escola se deu à custa de superlotação das turmas nas EMEIs, pela falta de equipamentos suficientes. Os profissionais dos Centros de Educação Infantil têm assistido a entrega de prédios próprios recém construídos à rede parceira, opção política que se repete há varias anos. A Educação Infantil não recebeu computadores novos em números suficientes e as Unidades do Ensino Fundamental continuam com redes de informática precárias. Cadastro de títulos e evoluções funcionais estão muito atrasados, sequestrando direitos dos Servidores. O SINESP encaminhou há meses cursos para serem cadastrados no sistema on line pela COGEP, o que não ocorreu, mesmo com varias cobranças.

A formação voltada ao Gestor Educacional nunca recebeu a merecida atenção, sempre cobrada pelo SINESP. A formação dos Supervisores foi criticada pelo caráter cartilhesco, de preenchimento de planilhas, muito aquém da complexidade do cargo. A formação em serviço é insatisfatória para o atendimento das necessidades dos Gestores Educacionais. O que há são orientações rápidas promovidas de forma fragmentada pelos setores das DRE.

A organização da RME, no final de 2018, ficou marcada pela falta de diálogo, ao se alterar critérios de atribuição, ferindo a gestão democrática no âmbito da SME.

O SINESP lutará como sempre ao lado da sua base para reverter essa situação. Para isso desde já está alerta e encaminhou pedido de audiência com o novo secretário.

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