O ARTIGO ABAIXO, PUBLICADO NA FOLHA DE SÃO PAULO, DÁ DIMENSÃO DA IMPORTÂNCIA DOS CLUBES DE LEITURA ENQUANTO FENÔMENO CULTURAL E SOCIAL DE RESISTÊNCIA E INCENTIVO À LEITURA, TÃO AGREDIDA E DESESTIMULADA NESSES TEMPOS DE INTERNET E REDES SOCIAIS.  E DO ACERTO E CONTEMPORANEIDADE DO SINESP AO PROPOR AOS SEUS FILIADOS UMA ATIVIDADE TÃO NOBRE.

 

VEJA O ARTIGO:

Clubes de Leitura voltam a ser tema da atualidade

Com ancestrais ilustres como os salões franceses e os grupos de estudos de mulheres nos EUA, os clubes de leitura juntam pessoas que compartilham os resultados de uma experiência solitária. Além disso, as reuniões periódicas auxiliam aqueles que querem manter o hábito da leitura ou os que desejam adquiri-lo.

Numa sala alugada em um desses espaços de "coworking" (área compartilhada de trabalho) que hoje se multiplicam por São Paulo, nove pessoas sentadas em torno de uma mesa conversam com rara desenvoltura sobre "O Som e a Fúria", de William Faulkner.

Com múltiplos narradores, fluxos de consciência e estrutura não linear, o romance escrito pelo americano na década de 1920 não é nada fácil. Os vários pontos de vista tornam arriscado até mesmo fazer um resumo da história, e não à toa gráficos disponíveis na internet tentam ajudar a entender quem é quem e que papel desempenha na trama.

Mas ali, naquele pequeno grupo, todos se lembram de detalhes do enredo e de características dos personagens, embora não faltem menções à dificuldade da obra.

Os membros do clube de leitura Jardim Alheio se reúnem mensalmente, sempre às quartas-feiras, para conversar durante duas horas a respeito de um livro definido em cronograma semestral. Cada participante –homens e mulheres com idades de 30 a 70 anos– paga cerca de R$ 70 por encontro para bancar o aluguel daquela sala em um prédio comercial na avenida Paulista.

"Gosto do clube pelas indicações de obras de qualidade, por criar o compromisso de ler e por reservar um dia para debater, para ouvir outros pontos de vista", diz Wagner Nobrega Gimenez, 63, funcionário público aposentado.

A seleção dos livros fica a cargo de Vivian Schlesinger, 61, escritora, bióloga e professora aposentada que faz a mediação de clubes de leitura há cinco anos. Hoje atuando em cinco grupos, ela descreve o que parece ser um círculo virtuoso: quando os participantes percebem que a discussão aumenta o prazer da leitura, eles se sentem mais estimulados a ler e a ir aos encontros.

De acordo com ela, a motivação mais comum é o desejo de retomar um costume perdido. "Há pessoas que gostavam de ler e, por alguma razão, às vezes pela falta de tempo, perderam o hábito. [Nos encontros,] descobrem que têm a chance de recuperá-lo", diz.

"Há também os que nunca tiveram o costume de ler, mas sempre quiseram ter e admiram quem tem. Aí a pessoa pensa: 'Quem sabe agora eu viro um leitor'. E vira", acrescenta Schlesinger, que já foi jurada do Prêmio Jabuti.

Os participantes dos clubes ressaltam o quanto gostam do que se torna coletivo em uma atividade geralmente solitária: dúvidas sobre a narrativa, impressões a respeito dos personagens, paralelos com outros títulos que cada um já conhecia, emoções despertadas pela obra.

"O ser humano é um ser social. Se gostamos de um filme ou de um livro, somos tomados pelo desejo de falar dele a alguém", diz Luzia de Maria, professora aposentada da Universidade Federal Fluminense.

Especialista em formação de mediadores de leitura e autora de "O Clube do Livro: Ser Leitor, que Diferença Faz?" (Globo), ela afirma que saber ler deve ser encarado como "uma tecnologia, como via de acesso às complexidades e desafios de um mundo multifacetado, de rápidas mudanças e extremamente competitivo".

"Nossos jovens precisam sair da escola leitores. A quem perdeu essa oportunidade, a sugestão é se agarrar a qualquer outra que surja, ou começar a ler por conta própria, indo a uma biblioteca", diz.

Todo incentivo é bem-vindo num país em que 27% da população de 15 a 64 anos é analfabeta funcional e onde se lê pouco. Segundo uma pesquisa de 2012 do Cerlalc (Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e Caribe), da Unesco, os brasileiros leem em média 4 títulos por ano –a média na Argentina é de 4,6, e no Chile, de 5,4.

ESTÍMULOS

A falta de leitores no Brasil foi o que levou Leticia Pimenta a criar o Clube do Livro BH, na capital mineira, que agrega mais de 200 pessoas em cada um de seus encontros, realizados bimestralmente. Seu funcionamento é peculiar. Divulga-se um tema, não o nome de um livro; na reunião, discutem-se cerca de dez títulos, de diferentes gêneros.

"Muita gente ama ler, mas acaba lendo sozinha e, com o tempo, começa a acreditar que ler é algo solitário. Outras pessoas não leem por achar chato", diz a blogueira literária de 27 anos. "Sem falar que, quando você encontra um grupo com o mesmo hobby, sua concepção do ato de ler muda."

Kim Doria, 29, coordenador de divulgação e eventos da editora Boitempo, ressalta o que lhe parece "um aspecto maravilhoso dos clubes de leitura: promover encontros". Tendo sido mediador de dois clubes em São Paulo, ele considera "mágico e transgressor mobilizar gente a sair de casa para bate-papos descontraído sobre livros".

Não existem dados gerais sobre clubes de leitura no Brasil. Nos EUA, porém, estima-se que 5 milhões de pessoas integrem esses grupos. E mais: pesquisa de 2015 da revista "BookBrowse" mostra que 57% das pessoas com mais de 25 anos que leem pelo menos um livro por mês participam de no mínimo um clube de leitura. A tendência é de alta. Em 2004, eram 33%.

Muitos creditam a Oprah Winfrey o crescimento dos clubes de leitura nos últimos 20 anos. A apresentadora americana mais famosa criou o Oprah's Book Club em seu programa, em 1996. Convidados, inclusive o autor, reuniam-se para dividir histórias pessoais e dar sua visão sobre o livro. O clube promovia a leitura como meio de aperfeiçoamento pessoal e cultural.

O modelo serviu de espelho para milhares de pessoas, o que R. Mark Hall, pesquisador e professor do departamento de escrita e retórica da Universidade da Flórida Central, chamou de "oprahfication of literacy" [oprahficação da leitura].

Além de influenciar o modo como se liam e discutiam os livros, Oprah causou impacto no mercado. O primeiro livro escolhido por ela, "Nas Profundezas do Mar sem Fim", de Jacquelyn Mitchard, foi de 100 mil cópias para 915 mil. O segundo, "A Canção de Solomon", de Toni Morrison, de 300 mil para 1,39 milhão.

Quase todos os títulos selecionados ficaram mais de dez semanas nas listas de mais vendidos e ultrapassaram os 750 mil exemplares. O campeão foi "Um Novo Mundo", misto de autoajuda e misticismo de Eckhart Tolle, com 3,37 milhões de exemplares.

O clube terminou em 2011, quando Oprah aposentou o programa , mas voltou em versão virtual no canal online da apresentadora. Já não tem a mesma influência, porém. O livro da vez, "Aqui Estão os Sonhadores", de Imbolo Mbue, não está nem sequer entre os cem mais vendidos na Amazon.

DEBATE NO PRESÍDIO

No Brasil, um clube de leitura no presídio feminino de Tremembé (SP) tem grande impacto na vida das participantes. "Depois que entrei nesse projeto, aprendi muita coisa, palavras que eu não sabia", diz Eliane Bezerra Xavier da Silva, 23.

Desde 2015, a Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel (Funap) mantém, em parceria com a editora Companhia das Letras, clubes de leitura em 12 presídios do Estado de São Paulo.

De acordo com uma recomendação do Conselho Nacional de Justiça, a leitura de um livro implica a diminuição de quatro dias na pena, com o teto de 12 obras por ano.

No projeto da Funap, após o debate sobre o livro, cada preso deve escrever uma resenha, que passa por uma avaliação. O material segue para um juiz, que autoriza ou não a redução da pena. Cada clube aceita 20 participantes –e há fila de espera. A remição é um atrativo. "Eu vim mais pela remição, mas depois me empolguei", afirma Vilma Mariano de Toledo, 43.

A jornalista Teté Ribeiro, editora da "Serafina", da Folha, participou de encontro no grupo do presídio feminino de Tremembé, numa conversa sobre seu livro "Minhas Duas Meninas". "Cheguei achando que elas estavam ali por obrigação, mas saí com a certeza de que são leitoras mesmo, são curiosas", diz.

Dayse Edneandra Xavier Rodrigues, 31, que já gostava de ler, diz que pôde juntar o útil ao agradável: "Ler abre sua imaginação, você se emociona, chora, viaja, entra no livro". Luane Failar, 28, elegeu a HQ "Maus" como sua leitura favorita no clube. Ela não sabia nada sobre o Holocausto e os campos de concentração. "É chocante, está até agora na minha mente."

ORIGENS

Nem todos os participantes sabem, mas os clubes de leitura de hoje têm seus ancestrais no século 18, quando grupos puritanos americanos se reuniam para estudar a Bíblia, e aristocratas e burgueses franceses se encontravam em palacetes para ler livros e discutir as novidades intelectuais.

Considerados indissociáveis do Iluminismo e tendo papel essencial para a circulação das ideias da Revolução Francesa, os salões ganharam uma de suas representações mais famosas num quadro de Lemonnier (1743-1824): na cena, mais de 40 pessoas, entre as quais Montesquieu e Diderot, leem uma tragédia de Voltaire.

Com o tempo, os clubes de leitura assumiram diversas formas, de reuniões com chá e bolachas a jantares elegantes, de encontros privados a programas de TV, de eventos presenciais a debates virtuais. Em geral são gratuitos e agregam entre 15 e 20 pessoas –ou até centenas de milhares, quando são on-line.

O fio que liga os encontros de estudos bíblicos e os salões do século 18 aos atuais clubes de leitura passa por 1868, quando jornalistas mulheres foram impedidas de participar de um evento literário nos EUA por causa de seu gênero.

Uma das jornalistas decidiu então fundar o Sorosis, um clube de mulheres ("women's club") voltado para estudos e leituras. A iniciativa pioneira não tardou a inspirar outras, e as associações femininas se multiplicaram na segunda metade do século 19 nos Estados Unidos. Algumas sobrevivem até hoje, como o Ladies' Literary Club of Ypsilanti (Michigan), de 1878.

A partir das coleções de livros que reuniam para seus membros, os clubes passaram a criar bibliotecas públicas comunitárias. Estima-se que 75% das bibliotecas do tipo nos EUA existam graças a isso.

Com pequenas mudanças de formato, os clubes de mulheres se converteram nos clubes de leitura tal qual os conhecemos hoje.

Nos EUA, pesquisa do instituto Pew em 2013 atestou o que os clubes pareciam indicar: mulheres leem mais que homens. Segundo o levantamento, 82% das mulheres e 69% dos homens consomem ao menos um livro por ano.

Na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do instituto Pró-Livro, 56% dos brasileiros declararam ter lido ao menos um livro, inteiro ou em partes, nos três meses anteriores à entrevista (de 2015) –59% das mulheres, e 52% dos homens.

Em 2014, a editora Companhia das Letras realizou pesquisa com 35 clubes de leitura em dez cidades brasileiras. Descobriu que 3 em cada 4 participantes eram mulheres.

PELO CORREIO

Na década de 1920, surgiu um tipo de clube de leitura que não envolvia reuniões, mas estimulava o consumo de um mesmo livro por um grande número de pessoas. A receita era simples. As obras seriam enviadas pelo correio aos participantes, que deveriam pagar uma assinatura.

O pioneiro do gênero foi o Book of the Month, que surgiu em 1926 nos Estados Unidos. Escritores e críticos elaboravam uma lista, e os assinantes escolhiam os títulos que gostariam de receber.

O Book of the Month e outros partiam do pressuposto que parcela significativa da população parava de ler depois de encerrada a educação formal, mas teria condições de continuar comprando livros –faltava um incentivo. Os clubes por assinatura, assim, apostavam na massificação da leitura, retirando dela o caráter elitista que pudesse ter e estimulando o hábito como recreação.

No Brasil, duas ações semelhantes conheceram sucesso. A primeira foi o Clube do Livro, criado por Mário Graciotti, que publicava e distribuía obras a um terço do preço das livrarias. Algumas edições chegaram a 50 mil exemplares –tiragem de best-seller hoje. O clube funcionou de 1943 a 1989.

A outra iniciativa foi o Círculo do Livro, iniciativa da editora Abril com a alemã Bertelsmann, que nasceu em 1973, chegou a ter 500 mil filiados e fechou as portas em 1993.

Inspirada nesses exemplos, a gaúcha TAG - Experiências Literárias nasceu em 2014 e conta hoje com cerca de 20 mil associados. "Percebemos que, entre os clubes de assinatura que surgiam, de vinhos, cerveja e cosméticos, não havia nada relacionado a livros", diz Arthur Dambros, um dos fundadores.

Com assinantes em 1.500 cidades –45% deles estão fora de capitais–, a empresa cobra R$ 69,90 por mês pelo envio de um kit com um título em edição exclusiva, um marcador de livro, uma revista com textos sobre a obra escolhida e um presente. Em maio, Mario Vargas Llosa indicou "O Leopardo", de Lampedusa, e o mimo era uma flâmula com os escritores latino-americanos vencedores do Nobel.

Os leitores podem debater as obras pela página da TAG no Facebook, hoje com quase 10 mil participantes, ou por um aplicativo de celular, com cerca de 7.000 usuários, que também permite outras interações, como avaliar o livro e ler avaliações sobre ele, marcar status de leitura, fazer histórico de títulos lidos e agendar encontros com outros membros.

"Tive muito interesse pela indicação de livros de nomes consagrados e pela leitura de obras que, normalmente, eu não leria", afirma Victor Gomes, 28, assinante da TAG. Associado desde março, ele ainda não participa dos debates. "Me sinto inseguro e tímido em grupos de leitura, mas acredito que eventualmente farei parte de um", diz o servidor público.

ON-LINE

O mundo virtual possibilitou a expansão dos clubes de leitura. Espécie de rede social dedicada a livros, o site francês Babelio, criado em 2007, tem perto de 250 mil membros e recebe aproximadamente 3 milhões de visitantes por mês. Reúne fichas técnicas, sinopses e resenhas. Os usuários acessam uma página inicial que oferece novidades literárias de acordo com seus gostos e podem postar suas próprias críticas.

Segundo a revista "L'Express", algumas editoras, antes de fazer lançamentos oficiais, enviam obras aos usuários mais populares da plataforma, contando com o impacto de suas resenhas sobre os demais leitores.

A americana Goodreads, criada em 2007 e desde 2013 pertencente à Amazon, também funciona como um banco de dados de livros, mas é, além disso, uma plataforma para clubes de leitura virtuais. Um moderador propõe um título, e as discussões são abertas. O site tem cerca de 55 milhões de membros (em julho, 74% dos acessos foram de mulheres) e mais de 9.000 clubes de leitura.

Os números chamaram a atenção. Em 2012, Mark Fidelman escreveu na "Forbes" sobre o poder de influência nada desprezível do Goodreads no mercado editorial. Alguns membros escrevem resenhas lidas por mais de 20 mil pessoas.

É no Goodreads que está hospedado, por exemplo, o clube de leitura feminista da atriz Emma Watson, o Our Shared Shelf (nossa estante compartilhada), com mais de 200 mil associados.

Ler obras escritas por mulheres também é a proposta do Leia Mulheres, criado em 2015 em São Paulo por Juliana Gomes, consultora de marketing, 40, Juliana Leuenroth, assessora de imprensa, 32, e Michelle Henriques, transcritora, 30. O grupo reúne clubes de leitura em mais de 50 cidades brasileiras.

Num dos encontros do Leia Mulheres, na biblioteca do Centro Cultural São Paulo, estava Isabelle Ferreira, 31, consultora de viagens corporativas que frequenta três clubes. "Mesmo que eu não consiga ir aos encontros, deixo o livro do mês como sugestão para leitura. Também pego indicação de livros dos instabookers e booktubers [pessoas que dão indicações de livros no Instagram e no YouTube]. De autores que li uma vez e gostei, busco outros títulos. Às vezes, pesquiso um nome conhecido ou pego a lista de vencedores de prêmios literários", diz.

Em julho, estava em seu 20º livro do ano. Cursando farmácia, sua segunda faculdade, ela lê bastante no transporte público, no qual gasta três horas diárias.

No mesmo encontro estava Jacqueline Pantum. Era sua primeira vez. "Fui atraída pelo título Leia Mulheres e também pelo assunto, Agatha Christie. Super instigante", diz a professora de 40 anos. Ela pretende voltar quando se interessar novamente pelo assunto.

A partir de agosto, começa o Clube de Leitura Folha. A cada encontro, sempre nas últimas terças-feiras do mês, a discussão sobre um livro contará com um convidado. O primeiro livro selecionado é "O Conto da Aia" (Rocco), de Margaret Atwood. A reunião será na Livraria Blooks (Shopping Frei Caneca, r. Frei Caneca, nº 569), dia 29/8, às 19h, com a jornalista e tradutora Marina della Valle.

Veja os próximos livros:
Setembro - "Memorial de Aires" (diversas), de Machado de Assis
Outubro - "O Senhor do Lado Esquerdo" (Record), de Alberto Mussa
Novembro - "Os Despossuídos" (Aleph), de Ursula K. Le Guin
Janeiro - "A Filha Perdida" (Intrínseca), de Elena Ferrante
Fevereiro - "Persépolis" (Cia. das Letras), de Marjane Satrapi

OUTROS CLUBES EM SP

Biblioteca Mário de Andrade
r. da Consolação, 94
> segundas quartas-feiras do mês, às 19h

Biblioteca de São Paulo
av. Cruzeiro do Sul, 2.630
> uma quinta-feira por mês, às 15h

Sesc Belenzinho
r. Padre Adelino, 1000
> segunda quinta-feira do mês, às 20h

Biblioteca Parque Villa-Lobos
av. Queiroz Filho, 1205
> uma sexta-feira por mês, às 15h

Sesc Vila Mariana
r. Pelotas, 141
> última quinta-feira do mês, às 19h30

Fonte: FOLHA DE S. PAULO, 2017

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