Grêmio estudantil mostra a importância de uma organização democrática

EMEF Professor Leão Machado forma seu primeiro grêmio e conta como foi a experiência

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Desde o início de 2015, a equipe gestora da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Professor Leão Machado, da Diretoria Regional de Educação (DRE) Ipiranga, começou a trabalhar a iniciativa de criar um grêmio estudantil. Abraçando a ideia, a Professora Cintia Celestino Braga realizou debates e aulas explicando o movimento estudantil e as origens e o funcionamento de um grêmio, contextualizando esse movimento no período da ditadura militar no Brasil.

Após ganhar a simpatia dos alunos com essa ideia, Cintia conta que organizou uma espécie de Congresso aberto que acontecia às 12h, ou seja, entre as aulas dos alunos da manhã e da tarde. Dessa forma, 40 alunos que tiveram interesse em participar do grêmio puderam se conhecer e debater ideias. A professora propôs que os alunos se dividissem em quatro grupos de 10 pessoas para compor as chapas. A partir de um cronograma de planejamento, cada chapa fez a sua campanha. Nesse caminho, os alunos descobriram o funcionamento e as dificuldades da escola.
Só puderam participar das chapas os alunos a partir do 5º ano. Além disso, uma regra para a constituição das chapas era que ela fosse mista, ou seja, não tivesse alunos de uma turma só, o que fez com que os alunos se conhecessem e trocassem experiências. A partir de apresentações para as turmas, vídeos e cartazes de campanha eleitoral e também de um debate entre as chapas com todos os alunos, foi feita uma eleição no mês de abril.
A chapa vencedora, chamada Geração Consciente, escreveu um estatuto que agora precisa ser apresentado e aprovado por toda a escola. Essa chapa é constituída por alunos do 5º, 6º, 8º e 9º ano. A professora Cintia conta que houve um processo de conscientização, no qual os alunos tiveram as suas vontades e sonhos confrontados com a realidade.
Atuação - Desde o primeiro semestre, a chapa vencedora já começou a intervir na rotina da escola. Eles elaboraram projetos para auxiliar alunos do Fundamental I, dando assistência às suas dificuldades acadêmicas entre as aulas da manhã e da tarde. Além disso, implantaram o costume de tocar músicas nos intervalos, e também auxiliaram na organização da festa junina. Cintia conta que os alunos da chapa ajudaram a arrumar a escola após a festa, colaborando de forma responsável e organizada.
Mesmo com o planejamento pronto, outras necessidades dentro da escola foram surgindo, o que fez com que os alunos criassem um sentimento de solidariedade. Segundo Cintia, os alunos do grêmio tiveram a ideia de trazer livros para alunos carentes de acordo com os seus gostos, para ascender o prazer da leitura. Outra experiência foi relativa a um caso de bullying: os próprios alunos reconheceram o problema e sugeriram uma solução para a professora, realizando debates, aulas e exposição de filmes para conscientizar os alunos. “Eles pensam também em questões imateriais, e se sentem na necessidade de ajudar quem precisa”, explicou Cintia.
Apesar de existir uma chapa vencedora entre as demais, não houve rivalidade. “O que me surpreendeu é que não teve uma competitividade ferrenha. Mesmo quem perdeu continua vindo nas reuniões”, conta Cintia, responsável pelo grêmio. Durante a campanha, as chapas se ajudaram. “Foi mais cooperativo do que competitivo, o que gerou uma surpresa enorme”, completa.
Histórico - Esse processo de consciência social e política foi sendo construído desde 2014, quando a equipe gestora, em conjunto com os alunos, realizou um projeto que discutia melhorias na escola com os alunos de 5º ano. Dessa forma, o atual 6º ano, do qual o vice-presidente da chapa faz parte, entende muito da dinâmica da escola. Enquanto isso, o presidente da chapa já era membro do Conselho da EMEF.
Essa gestão do grêmio vai até abril do ano que vem, e a intenção é repetir o processo com uma nova discussão sobre a experiência dessa primeira gestão. “Mostramos que o grêmio não é só um grupo de alunos que organiza festas. É um movimento social e político que demonstra a importância de uma organização democrática”, finaliza Cintia.
 
 
 
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